Há instantes:
O amor adquiriu a transparência oblíqua da manhã.
Sentir, que a própria vida é e não é.
É o Vouga que aflui discretamente no tema,
Assim como de facto desemboca, de pé,
Mas sorrateiramente, na ria, um lema
Que disfarça o mar à ré.
O porquê de viver, de fazer versos, da fé,
Reside na vida do próprio poema,
Que a própria vida é e não é.
Neste momento:
O poema lê-nos os olhos, leva-nos pela sua mão.
Os flamingos aparentam ter sido plantados na ria,
Flamingos que aparentam ter plantado a aparente indiferença.
Posso, divorciado, amar a divorciada e ser isto alegria,
Apenas em mim; numa maré, apenas uma crença.
O amor e a solidão são, em si, muitas noites de insónia;
Navios de frustração, à entrada da barra, à espera de ponto,
Num mesmo porto de abrigo, antigo, sem cerimónia.
O amor, o seu conceito, é tão diverso como o da solidão;
É tão vago e impreciso como a própria realidade;
Tão semelhante e perfeito como a miragem ou a confusão;
Tão urbano, e a jeito, e tão feito de ruralidade.
A instantes:
A metafisica mais lenta do amor:
Talvez, amanhã.
[miscelânea]
[14 de julho de 2023]
Deliciosamente denso. Com vários caminhos, sentidos; por vários espaços de tempo e de lugar.
ResponderEliminarFico de mente e alma cheias.
Bjks
Com certeza o amor é um conceito muito diverso...
ResponderEliminarAdorei os poemas.
Boa entrada de mês de agosto.
janicce.
Bello e inspirado poema. Reflexión o gracias a él que el amor verdadero es un tesoro que vale la pena ser buscado y ser hallado.
ResponderEliminarDensidade e fluidez, definem tão bem o sentimento mais bonito do mundo... tanto quanto a melhor forma de o delinear... através da poesia... com igual densidade e fluidez... como tão bem exemplificaste, Henrique, em mais um poema admirável!
ResponderEliminarA realidade... e as suas circunstâncias, vão determinando a alquimia das emoções... em permanente construção... ou transformação...
Já tinha saudades em passar por aqui... após uns meses menos presente na Net... às voltas com problemas de saúde aqui da minha velhota... mais controlados, mas ainda não totalmente ultrapassados. Enfim, vamos ver o que determinam os próximos exames, pois talvez impliquem ajustes de medicação.
Uma coisa é certa, repetiu-se o mesmo ciclo do ano passado: a um ligeiro covid primaveril, seguem-se meses e meses de preocupações mil.
Beijinhos! Feliz fim de semana! Grata pela tua atenciosa presença, lá no nosso canto!
Ana
Sou gratopela clareza e coerência de sua escrita. Bom trabalho!
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