A ria perdeu o espelho
E a cidade brilha, lavada pela chuva,
À margem de um decreto que impõe, apenas,
A primavera, que se esconde,
Ou tarda a chegar.
Eu, que não posso soltar um grito,
Enquanto conto e estou e não estou,
Sinto-me parte do meio,
Sinto-me parte do meio,
Uma ilha flutuante, ancorada.
Tudo é tão profundamente simples,
Tudo é tão profundamente simples,
Lá fora;
Tudo é tão simplesmente intrincado,
Por dentro.
O confronto de razões e sentimentos
Em equações de espaço, tempo e distância.
Os apelos rejeitam a oscilação,
Na procura de uma cura;
Os recursos declinam, pela inércia,
Na busca de um conforto.
Há máximas impraticáveis ou incompatíveis.
Quem vive com um Sol e uma Lua, dentro,
Vive o dia por inteiro, e mais o emprestado,
Vive o dia por inteiro, e mais o emprestado,
Na ânsia de multiplicar o tempo,
Quando o tempo é apenas o tempo que se dispõe.