É fácil e
comum encontrar-nos e perder-nos numa
página em branco, consciente ou inconscientemente,
sem ordem, sem tempo, sem razão aparente,
seja qual for o seu formato, identidade ou cor.
Uma página em branco é potencialmente infinita
e, possivelmente, inexistente; tem inúmeros esconderijos,
que ultrapassam os grandes abismos dos seus rebordos,
ou a eventual contiguidade, efémera ou persistente,
de outras páginas. Ali está o voo que ainda não foi
visto;
os poemas que nunca o serão; a lucidez da mentira
e a loucura da verdade; os mananciais de todas as águas;
incontáveis luzes; tantas e outras páginas em branco,
como o futuro, a neve, as neblinas ou nevoeiros; todos
os universos e os possíveis vazios e os seus interstícios.
os universos e os possíveis vazios e os seus interstícios.
[sobrevoo]