Onde mais dói no peito, no peito em dor por dentro,
Por dentro da própria dor, que nunca é igual,
O entendimento figura-se em gestos suspensos,
Com as palavras que não vem e com as que só vem
E que descem a garganta para ficar no estômago,
Numa simultânea sensação de enfartamento e de vazio.
Uma sensação enevoada, de fusíveis queimados,
Ou uma névoa de queimada, com sensação, sem fusíveis.
Sentimento evolutivo, efervescente, amargo, sedimentário.
Talvez tenha falhado a ilusão a um quê de verdade,
Ou a energia, no sobressalto de verdade incandescente.
Em cliché, gosto da verdade, verdade, como ela é,
Mas, a felicidade vivia descontraída na ignorância,
Ou na alegoria da descontração sobre horizontes.
Horizontes imaginários de outros poemas imaginários.
Certo é, também, que falhando, ou faltando, a felicidade,
também pode faltar, ou falhar, a verdade e seus fundos.
Fundos que desconheceríamos se não nos tocassem
Onde mais dói no peito, no peito em dor por dentro,
Por dentro da própria dor, que nunca é igual.
Hoje, sou mais frágil, não sou o mesmo.
Amanhã, serei mais forte, não sei quem serei.
Nada disto é absoluto, tristeza ou obscuridade.
[miscelânea]
[03 de setembro de 2021]