Eu sinto-me bem, agora, e sei que é só por agora.
O fantasma traz o teu olhar, com que me captura,
e o mapa do teu corpo, que me alimenta um não sei o quê;
uma imensidão, um tudo que era sem fim e que agora é nada,
quando o nada existe, para além das palavras de outono.
Outono com um teto de folhas que se precipitam, vazias.
O ar, o silêncio e o tempo, os seus conceitos, estão petrificados e frios;
o corpo pulsa, vibra, resiste à noite, está quente e vivo. Vive.
Nem tudo é claro, estou acordado e nem sei se tudo é real.
O sentimento é intenso e é de dentro. Não há medo.
Não importa, não me importa, é sereno e é bom.
É um fantasma, fim de outubro, e ninguém vai acreditar.
Eu costumava ser um rapaz, depois um homem, normal.
Eu recordo, é apenas uma recordação que não se apagou;
Talvez ainda seja um espaço de letras e imagens.
[miscelânea]
[29 de outubro de 2022]