terça-feira, 5 de março de 2013

saudações




deixo-vos a Lua
e um início de bruma,
fico com a inexistência
do meu regresso da rua.
assisto um frio que se avoluma
e que se aquece na dormência
e na frase nua
do vento que se apruma,
carregado da mais acérrima ausência.

ainda que a sombra se embarace,
não me detenho no pretenso recato
do tapete da idade.
não há margem que não me abrace
e apenso a sucessão do respirar pacato
à fatia de liberdade.
dessalgo a face,
tiro a pedra do sapato
e engulo a saudade.


3 comentários:

  1. quantas pedras no sapato, e saudades mal digeridas que carregamos no alforges, mas logo a lua e a bruma vão desaparecer e sol imuminar o novo dia
    beijinhos

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  2. Quantas vezes assim é nesta vida!
    .."dessalgo a face,
    tiro a pedra do sapato
    e engulo a saudade." Uma imagem magnífica, Henrique. Parabéns!
    Beijinho

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  3. sim, assim deve ser!

    e depois, colocar um sorriso no rosto e enfrentar a vida.

    um poema lúcido e bonito.

    beijo

    ;)

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