domingo, 8 de outubro de 2017

Solução




Não sei se faz algum sentido: a cidade adquire a imagem 
misteriosa dos outonos. Os canais da ria e as ruas, são, 
neste momento hesitante, canais de neblina vestida 
de conteúdo, que aponta ao instante; que é o alicerce 
da noite e um dos seus fios de vida; que conta histórias 
líquidas de infinitos que brotam do invisível e que despertam 
de sonos profundos, com a delicadeza dos assombros 
de natureza triunfante; que é forma verossímil e absoluta 
da representação do sentimento entregue à substância. 
E eu procuro, em toda esta fragilidade estética, a tempestade 
métrica do afecto, enquanto zelo monstros que fremem, 
convicto de que tudo, tudo, tem uma solução sofrível. 


 [sobrevoo]



3 comentários:

  1. Sim, tudo tem uma solução. Sejamos os primeiros
    AMEI!

    Beijo e uma excelente semana.

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  2. Haverá sempre soluções... quando deixarmos de ter olhos, apenas para o problema... a natureza é sábia... e talvez por isso, tenha inventado a neblina... para se ter olhos apenas para as soluções... que normalmente sempre trazemos dentro de nós... em vez de nos distrairmos, com o que se passa à nossa volta... ficando imersos em problemas...
    Como sempre, um poema, que não sendo nebuloso... é denso, e profundo... e nos deixa a matutar... :-)
    Beijinhos! Boa semana!
    Ana

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  3. Poderão ser poucas palavras, mas apontam para tantos sentidos e destinos. Há sempre uma solução, sim, faz-me sentido.
    Bjks

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