quinta-feira, 31 de maio de 2018

{Visão geral}




Os pássaros perdem as imagens, são uma confusão de sons sem passagens, 
e o dia vai, vai numa fila de contratempo; vai com poesia e sem tempo. 

Suponho, neste abraço rodoviário, que a vida pode ser um sonho; 
pode, um beijo imaginário, ser muito feliz, num fim de tarde de calendário, 
onde crescem paredes numa hera que veste um casaco de primavera. 

Aveiro está no choco, a incubar palavras sensíveis, no ulmeiro. 
Os canais, de céu descomunal, mas legível, acolhem a noite exequível, 
a noite inapelável, que tem mais asas do que voo provável 
e a arte de estar ausente. Eu, não tenho nada; faço parte, paciente. 



 [sobrevoo]