sexta-feira, 4 de outubro de 2013

orbe

  



não tenho que ficar calado
e até posso assobiar
não preciso de nascer outra vez
sem fazer de conta
nasceu uma nova estrela no nosso universo
reparo que a verdade é seriamente relativa
quando peço verdade à voz pequenina e dengosa
que de ponta a ponta vai e vem
anda de ponta e se agiganta pelas costas
numa estimativa condensada
que vibra em silêncio e solidão que me desdiz
e seduz
onde possuo a serenidade de uma qualquer razão
eu fui mais além e fiquei aquém
nem tenho que falar

não tenho que ser diferente
desperto para uma realidade informal
aperto um abraço de melancolia contagiante
um sorriso rasga-me o rosto que rasga o sorriso
sorriso que quis ver a luz do momento
nunca parti completamente
inteiramente
imediatamente
e é tão simples voar no estrangulamento da vida
e sobre tudo este mundo mente
hoje o mundo não é um bom lugar para amar
a Terra não é um local justo
o universo é apertado
e entre nós há bastante espaço
nem tenho que ser igual


  

6 comentários:

  1. "é tão simples voar no estrangulamento da vida"
    Voa. Sempre.
    Abraço

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  2. Boa noite, Henrique como sempre a sua poesia surpreende-me não pela fácil leitura e interpretação mas pelo jogo de palavras que me motiva para ler e reler até tentar entender o que a motivou,o porquê a nostalgia das palavras.
    Porquê "Orbe"?? Será pelo "controle"e poder das emoções no mundo secreto do eu, ou será pela "Jóia" que são as emoções "(...um sorriso um sorriso rasga-me o rosto que rasga o sorriso sorriso que quis ver a luz do momento
    nunca parti completamente inteiramente...), se não for invadir e sem invadir o seu mundo fale-nos das emoções que levaram a escrever esta frase tão bonita. Uma noite inspiradora. Resiliente ou Carla Matos.

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  3. «Orbe», o termo, surge como título, simultaneamente, pela redondeza (inexistência de arestas) nas emoções (o globo), e controlo relativo, autocontrolo, sim.
    Neste mundo de emoções, onde, por vezes, desenhamos um sorriso por motivação, vivenciamos recordações, memórias, que nos concedem ou produzem sorrisos espontâneos, francos, rasgados, e que, por sua vez, rasgamos, quer pela concessão de forma ou de reserva. E, embora a vida continue, enquanto vida, e deva continuar, acredito que há sempre algo que fica e algo que nos acompanha, para além do momento chave de ponderação, que, contudo, não nos deve aprisionar.
    Obrigado, Carla!

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    Respostas
    1. Isto, numa tentativa de ser sucinto.
      «Orbe», o poema, é um desenlace.

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    2. Poeticamente e subtilmente entendido nas palavras, parabéns Henrique pelo maravilhoso poema, a riqueza das emoções tem dois lados como a face da mesma moeda.

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