sexta-feira, 10 de novembro de 2006

Para Calipso



Estava essa ninfa do mar descansada na praia, 
Sem saber e conhecedora da morte
Que espera, todos os dias, pelo fruto do corte 
Da ceifa, que depois colhe e desmaia.
 
Esta ninfa, envolta em tecidos de cambraia, 
Fiandeira eterna de amor sem sorte, 
Não terá ela o poder da morte e da vida por porte? 
Calipso, como a história se repete e te alfaia.
 
Perdeu o amor que um dia a avassalou 
E ao mesmo tempo lhe servia de sustento. 
Um amor que sem dormir nunca mais acordou.
 

Uns dias ganha e em outros perde o alento 
E remexe na areia que se aquietou, 
Porque não é livre e já não está ao vento. 



 

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