sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Cicio afectuoso



Gostaria de sentir o teu mais terno afago. 

Imagino que me envolves docemente e sem fim. 
Imagino-te com o odor puro a jasmim, 
Pela livre convivência com ele, e indago, 
Com a liberdade de quem já perdeu tudo, 
Com a consciência de quem não quer enredo, 
Se uma afeição me pode fazer cair o escudo, 
Se uma benquerença me afastará o medo. 

Como eu temo o que é demasiadamente exacto. 

Não sentencio, não prometo, não minto. 
Saberás sentir e entender aquilo que sinto 
E reconhecer que não vendo a alma em pacto. 
No silêncio afiguro coisas simples como nós. 
Gostaria que me concebesses como imperfeito, 
Num contido anseio, puro e sem voz, 
Que espraio sobre o teu afectuoso peito. 

Sofro com a antiga memória de algo vago, 

Um sentimento que já não conhecia em mim. 
Um sentimento benévolo, sem pressa, assim: 
Uma saudade que não é espera. E sufrago. 
Ouço o sussurro que me eriça mansamente e cedo. 
Não fico quieto e descanso. Permaneço mudo. 
É aprazível o momento, encantador e ledo. 
Lascivo, em concórdia, por completo me desnudo. 


[06 de Julho de 2007]





Escrito e editado, originalmente, por mim, no blog Aurorar III do jornal Sol [Aurorar 3.1]
:  http://comunidade.sol.pt/blogs/tugazzar/archive/2007/07/06/Cicio-afectuoso.aspx


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