Continuação
O afecto cresceu à volta de um Homem só
E não o deixou, nem para o descanso do dia.
Naquele momento começou o toque de uma melodia
Alegre, bonita, levantando as camadas de um pó
Velho, bafiento e desconfiado, pelas amarguras
De desencontros, desencantos e desventuras.
Sem medos avançou pela vida e abraçou o amor.
Uns tropeços caíram e outros de pronto se levantaram
A par de uns pares de mentiras ouvidas, pois contaram
E nunca ninguém provou a sua verdade e o seu calor.
As anedotas e invejas, as revoltas e intrigas urdidas,
Queimaram-se num passado de felicidades vividas.
Viver na entrega, na dedicação e na procura diária,
Como num namoro constante e nunca esquecido.
Uma união sempre presente e no Homem enriquecido,
Possuído e revestido por uma força extraordinária.
Foi um bom inverno, foi uma boa primavera, é um bom verão.
Espera, mas não sentado, continuar perto da viva emoção.
Homem em quem cresceu o afecto, para onde vais tu agora?
Olha a tua volta e vê a solidão de quem nada deu,
Escuta e ouve o silêncio de quem por egoísmo se perdeu,
Camuflando uma vida sem nela estar dentro nem fora.
Sente a calma da consciência tranquila e do dever comprido.
Hoje vais ser feliz, porque não te deixaste ficar
desiludido.
O afecto continua livremente no Homem para servir e ser
servido.
Esgueira, 12 de Julho de 2001.