terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Burgo de quantidade


 (*)
   
Uma expressão de cera, uniforme;
Um lacre nos lábios, enrugado;
Estampa a uma dimensão, plasmada.
Inteira o quadro de parecer conforme,
Numa demora de aviso, no prazo amuado,
Sem luz na vela sobejamente encimada.
Modalidade de bano urbano, indiferente,
Enquanto a acidez da chuva apaga a frente.
Deixa o verso, de qualquer coisa amarfanhada.

Partir, sem quebrar, sem mover, apenas.
Varejar os espaços com pontos de algodão,
Colorido, fofo, sem derramar a lágrima actualizada.
Não há portas para tantas saídas, nem arenas.
Os carreiros apinham-se de vultos de hesitação,
Pardos e policromos, num fluxo urgente e claro.
Maquinal, maquinação, na sintonia do raro.
Processamento de excessos de desinformação.

Aplaca a descodificação da ausência feita sua,
Conforme consta na coluna das dores que o não são.
Não importa o postal, os números que cresçam à direita;
O verde; o vermelho. Importa a disposição de leitura nua,
Quando nem a vírgula faz falta para a valoração.
Serviço meio-termo, atendimento automático de receita,
Último andar de afectos pré-pagos e pós-pagos.
Lugares, que vazios ou cheios, são sempre vagos
E o odor é de incenso inibidor, sanção da obra feita.

Não devolvo a antipatia imediata, emito prudência e dó.
A indisposição do abrigo modal dispõe limites
E as linhas do poeta serão presas com pontos sem nó.
  
-- 
(*) Pintura: Claude Monet Reflets Sur L’eau
   
  

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