Transformada a poesia numa imensa capoeira,
hoje, sou eu que cisco nas folhas de papel, o meu chão.
As palavras são, agora, minhocas e não há amanhã.
Por isso, cisco sem pressa, sem medo, sem confusão
ou, apenas, com a confusão necessária ao movimento
ou, apenas, com a confusão necessária ao movimento
suficiente para me resgatar do infinito do hábito. Não
aparenta, quase não se nota, mas, eu voo, enquanto cisco.
Voo sem voar. Voo o bastante para manter essa ilusão.
E o meu céu verde, continua verde. Talvez cisque em mim.
[sobrevoo]