quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Só para dizer [XXVIII]:


     Existem dias de vazio, dias de semana, dias que são eternos e infernos. Há dias. Há dias e dias. E, entre tantos outros, existem dias em que um desprazer qualquer nos anexa numa tormenta poética de emoções e sentimentos que nos deixam desalentados. Mas existem dias em que um regresso, ou gosto, ou uma palavra, nos reúne a uma tempestade de vida e poesia, de emoções e sentimentos, que nos arrebatam e resgatam do desencanto.


quarta-feira, 10 de outubro de 2012

E hoje… (XLII)


     ... Juntas e comissões. Um comité administrador de emoções, outro de sensações, um distinto para os afectos. Todos com várias pastas. Mais cargos e encargos.

     Fica, porém, uma súmula de silêncio sobre o regaço, como uma pena rara, bonita, de ave; como uma prenda antecipada. A nota periférica da ria, de uma paisagem com muita margem para explanar completamente a observação, a fantasia e um cumprimento, rematada por uma atmosfera húmida, a tornar-me invisível, parte da neblina metódica.

     Sereno, o sereno, embora frio, a convidar-me para um chá.


Bucólico





terça-feira, 9 de outubro de 2012

Ido



Nunca te vi, assim, tão coerente,
Indignação, despeitada e pungente.
O apelo às coisas simples, como voos e penas,
As palavras que arrojam em arenas.

A gaivota pairava sobre mim, indigente.
Decerto, em fragmento contingente,
Nenhum mofo ridicularizava o passado,
Qualquer dia ou legítimo momento insistente.
Sobretudo, soberana e atarefada,
No abrigo do ânimo desperto,
Elucida num sintoma de resolução confiada,
Que contesta, de perto,
O modelo que ficava, unicamente, ensoado.


segunda-feira, 8 de outubro de 2012

O dúbio



Não havia camponeses no campo
Havia um dilúvio de emoções maduras
E memórias que caiam por terra
A cada tiro de caçadeira
Por cada latido de cão de caça
E eu de mãos ocupadas com lembranças
E de coisas simples como eu
Sem recipiente para guardá-las
Na súbita via descendente
Desejei poder corrigir o mundo
Emendar os enganos
Eliminar as dores, as guerras e os ódios
Apagar as mentiras
Com um simples desejo
Com um simples pensamento
Com uma simples palavra
Parte de um descomplicado plano pateta
Sem nunca pretender ser profeta

Um fio de afeição aparenta estar a um passo
De se desprender da teia
Tão fácil de seduzir, num semblante
Penoso de observar, enquanto se espelha
Naquilo em que se transformou
Uma memória inconfidente
Como também as palavras o são


domingo, 7 de outubro de 2012

E hoje… (XLI)



     … Nada resta, se excluir os pensamentos, que, contudo, tudo são e de tudo contêm, por um tempo indeterminado. Não serão encontrados registos para além dos de um cérebro emaranhado, fascinado, cansado, povoado de sons, de imagens e de sensações de dias de descanso, onde incluo o dia de hoje. Descanso que não o é; descanso que foi uma inquietação diferente. Inquietação que contorna, deliberadamente, o desassossego e cogitações correlacionadas.

     Sei que não sou assim tão forte e gosto de chocolate.


sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Canal de São Roque - Aveiro

  
ria
Ria de Aveiro, canal de S. Roque, Aveiro - Vista parcial

ria de Aveiro
Ria de Aveiro, Canal de São Roque, Aveiro - Ponte do Marnoto ou do Laço, ao fundo

ponte dos Carcavelos (nova, 1953)
Ria de Aveiro, Canal de São Roque, Aveiro - Ponte dos Carcavelos e barco moliceiro

Ponte dos Carcavelos (nova, 1953)
Ria de Aveiro, Canal de São Roque, Aveiro - Ponte dos Carcavelos (nova, 1953)

ria
Ria de Aveiro, Canal de São Roque, Aveiro

ria
Ria de Aveiro, Canal de São Roque, Aveiro

Ponte dos Carcavelos
Ria de Aveiro, Canal de São Roque, Aveiro - Ponte dos Carcavelos e barco moliceiro

Ponte dos Carcavelos
Ria de Aveiro, Canal de São Roque, Aveiro - Ponte dos Carcavelos

Ponte dos Carcavelos - pormenor
Ria de Aveiro, Canal de São Roque, Aveiro - Ponte dos Carcavelos, pormenor


quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Por linhas


Persigo linhas invisíveis;
Trilho linhas perceptíveis;
Admiro linhas, de outros;
Alcanço linhas de que gosto.
E todas, variavelmente, me apontam as minhas:
As que me possibilitam participar;
As que eu não admito possuir;
Aquelas que ostento sem vaidade;
As que nunca hei-de avistar;
As que me manipulam;
As que me aprisionam;
Aquelas que me libertam.


segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Finos reflexos audazes


Sagazes,
Sobre elas aludem,
Desejadas memórias com espera,
E não se iludem.
As imagens superlativas também vivem na parede,
Agarradas como uma era,
Agrupadas com uma mesma sede,
Vêem-nos sair, por vezes amiúde,
E não exigem explicação ou virtude,
Contíguas a um adeus sem serviço.
Partem, também, sem desculpa ou compromisso,
Como todo aquele que foi um passageiro e efémero.