o céu limpo é o meu tecto
e perto
irremediavelmente perto
as ondas espraiam-se
com o temor demorado de quem não se vai salvar
talvez pudéssemos falar se te silenciasses
se te escutasses um pouco mais
mas a água das ondas apressa-se a regressar ao mar
como uma enxurrada repentina
e a noite surge já adormecida
cansada de formar sulcos na alma
como se esta fosse do mar a espuma
e o mar uma relatividade quotidiana
repleta de fórmulas complexas e mutáveis
na vorticidade do desencontro
teimo em desenhar sorrisos distraídos
flores que também vejo felizes no outono
algumas estrelas estereotipadas
e corações gentis