o próprio acto de existir é uma perda de tempo
qualquer espelho possui a certa inutilidade
e um certo odor e dor que conduz ao interior
e a lugar nenhum onde se servem os pequenos nadas
não me sirvam provérbios como um prato do dia
sirvo-me da renovação que existe na tua repetição
na renovação que existe na minha repetida respiração
e talvez me proteja dos guarda-chuvas com a chuva
que se repete sempre nova num limite gravitacional
talvez por estar sempre madura ou pouco segura
de onde talvez eu me repita para que me encontrem
mas saibam que não encontrarão sobre mim uma
única estrela que vos possa guiar nos meus ou nos
vossos caminhos onde talvez existam sombrinhas
talvez eu corte o cabelo para deixar de sofrer
Agradavelmente denso. Neste poema, a falta de pontuação pode levar-nos a vários "destinos", um desafio, que, para alguns, poderá ser hermético. Gosto muito, Henrique!
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