Quantas mil palavras terei de escrever,
– Ou reservar, silenciar, suprimir –
Para te libertar dessa âncora de tristeza
Que te atrasa os dias e que tentas arrastar, só,
Numa insistência, creio que, cega e surda?
– Ou reservar, silenciar, suprimir –
Para te libertar dessa âncora de tristeza
Que te atrasa os dias e que tentas arrastar, só,
Numa insistência, creio que, cega e surda?
Tanto te pesa o ar, o som, a companhia, o silêncio,
Os pensamentos, a solidão, o corpo, a alma…
Tanto te ocupas com nada, para nada,
Ou para estar só a estar só, ou de fora da vida.
Quantos relógios terei de ser, ou apeadeiros,
Para que possas ter saudades desconhecidas,
Para que abandones essas dores completas?
Porque tanto te pesa? O quê mais te pesa?
É Amor, que procuras, e aparenta não existir?
Poderemos ficar, senão afastados, apenas
À beirinha desse abismo de mistérios,
Dessa escarpa de desilusão, sem inclinar.
A minha sensibilidade abstrata tem vertigens,
Muito concretas, e eu quero ser mais,
Mais do que uma fatigada recordação.
[miscelânea]
[19 de agosto de 2021]