Descansa a gravidade sem importância.
O corpo a ser corpo, o tempo a ser tempo,
Para além do vinco tumescido da respiração de pé,
Para além de seios a serem seios, não alimento,
Não uma paisagem, não uma miragem.
O corpo a ser corpo, o tempo a ser tempo,
Para além do vinco tumescido da respiração de pé,
Para além de seios a serem seios, não alimento,
Não uma paisagem, não uma miragem.
Prolonga-te um pouco nos meus subterrâneos,
Com tua seiva mansa de carícias não prometidas,
Que é sentir e estar e ser inteira e completamente.
Permanece a base da base, o momento justo e cingido.
Das palavras hidratadas, sem princípio ou fim,
Podes roer o poema, no enredo da vida:
O momento e o golpe, exatos, da mastigação,
Como um ato de amor e de permanência.
Espera-me, certa, uma madrugada desperta,
Na sensibilidade da noite de um tempo curto.
Os sonhos germinam no ar acordado e vigilante,
Onde germina a guerra, como pesadelo de todos
E vontade subtil de meros egoístas obstipados
Por uma qualquer coisa que é apenas coisa.
Estendo uma manta curva, o meu abraço,
O gesto preciso e necessário para ser todo,
O movimento certo para a continuidade.
Um pouco mais acima, sem ser golpe ou o golpe.
[miscelânea]
[18 de março de 2022]
Asas como meio de propulsão, como meio de proteção, como alimento. Um voo reflexivo, comunicativo, intenso: poético.
ResponderEliminarBjks
Mais um poema incrível, que nos faz mergulhar a pique na essência desta continuidade... a que chamamos vida... em todos os seus enredos, e maravilhas... mas também de golpes e degredos... por conta de alguns obstipados da ética, e de humanos valores...
ResponderEliminarSempre um gosto imenso, voar nas asas da tua inspiração!
Beijinhos
Ana