Há dias que as árvores deixaram de viver para dentro, de boca cerrada.
Eu julgo ascender onde tudo acaba, ao infinito da invisibilidade,
E passeia-me o vento, onde outros são passeados pelos cães da claridade.
Medra a noite, como um sinónimo de fim de tarde bem conservada.
Hoje, vejo, nos teus olhos, o brilho de uma ingénua liberdade
Que, ouvi dizer, se apaga em casa, no débil equilíbrio do género.
Na verdade, nem sempre se te vê esse brilho, apenas a ansiedade,
A diagonal de memórias estremecidas, ou o sorriso de um sonho efémero.
Estados que melhor espelham os boatos de uma parte da cidade,
De quem não sei que palavras dirão sobre a minha integridade.
Três meses de primavera não me conseguem percorrer, por certo,
E mais do que alguns segundos seriam uma extravagante inutilidade.
Fecho os olhos, para ver melhor, para ver menos e me ter mais perto,
Enquanto inspiro uma certa paz, que é a minha felicidade.
[miscelânea]
[27 de abril de 2022]
Viver por dentro e bem dentro.
ResponderEliminarMuito bom, mesmo.
bjks
Tantas são as circunstâncias de fora, que por vezes nos fazem esquecer de viver por dentro... quando navegamos na espuma dos acontecimentos. Adorei este belo momento poético, que nos vem recordar o que é essencial!
ResponderEliminarBeijinhos
Ana