não sei se é possível viver apenas de sonhos
sinto-me vazio e sinto a cidade subjectiva
eu escrevia que me era mais fácil ver-te partir
do que partir eu nessa hora apertada e parda
que a minha cidade é bem menor do que a tua
que apesar de tudo estamos sempre juntos
expostos num fundo de verdade e expectativa
sem na verdade conhecer essa dita realidade
e abastados em peças e factos impalpáveis
observo crente as árvores persistentes
que sonham com a plenitude de cidade
curvilínea e decifrada ininterruptamente
algumas folhas não alcançarão o outono
outras procuram o brilho das alamedas
sem frequentar plenamente a primavera
e na cidade são também o lixo excedentário
de onde resgato uns segundos de esperança