sexta-feira, 30 de maio de 2014

urbe XXV




não sei se é possível viver apenas de sonhos 
sinto-me vazio e sinto a cidade subjectiva 
eu escrevia que me era mais fácil ver-te partir 
do que partir eu nessa hora apertada e parda 
que a minha cidade é bem menor do que a tua 
que apesar de tudo estamos sempre juntos 
expostos num fundo de verdade e expectativa 
sem na verdade conhecer essa dita realidade 
e abastados em peças e factos impalpáveis 
observo crente as árvores persistentes 
que sonham com a plenitude de cidade 
curvilínea e decifrada ininterruptamente 
algumas folhas não alcançarão o outono 
outras procuram o brilho das alamedas 
sem frequentar plenamente a primavera 
e na cidade são também o lixo excedentário 
de onde resgato uns segundos de esperança 



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