terça-feira, 7 de abril de 2015

desenvolvimento





de acreditar deixei em quem apenas vê 
o seu mundo; em quem apenas a sua 
dor sente. eu desconheço o quanto destes 
dias me pertence, o quanto de mim eu sei. 

há dias que não pedem explicações 
nem eles explicar se conseguem. 
dias em que as letras não perguntam 
se para tantas palavras tenho olhos 
suficientes; dias em que não necessito 
distinguir de quem é a demência, 
ou se existe, sequer, essa tal loucura; 
dias sem frases feitas sobre o amor 
ou a pobre necessidade de culpar alguém. 

para os outros dias sem fundo: 
eu sei de um lugar, à beira-mar, 
onde eu posso ficar a desejar, 
longe de suposições e expectativas 
que, não sei como, desaguam em mim, 
rápidas, tumultuosas e evasivas, 
e eu, com a natureza, não discuto; 
um lugar onde a própria lua se iguala 
à dor e às sombras e os corpos tem 
a consciência de pertencer à terra 
do chão que amanhã irão pisar; 
um lugar onde é o vento diverso 
que o livro da existência folheia… 



 [livro aberto]




6 comentários:

  1. Olá, Henrique.
    Que lindo post!
    Hoje também escrevi sobre a necessidade, nos dias de hoje, de se culpar alguém.
    Abraços!

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  2. Há essa sensação :quem somos e o que não somos.
    E essa necessidade de ficar em 'algum lugar'onde nada disso importa.
    Gostei muito de como desenvolveu a idéia,Henrique.
    abraço

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  3. sensações à flor da pele
    no entanto o poema tem uma certa serenidade
    um beijo
    :)

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  4. De quando em vez há dias assim, sim.

    Beijos, Henrique. :)

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  5. Boa tarde, temos dias e dias, uns melhores e outros piores com sensações incomodas, acontece! ultrapassar as mesmas porque nada acontece por acontecer, é necessário.
    AG

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