um rouxinol acorda-me de madrugada
já afinou toda a sua típica variedade
de trinados e assobios e gorgolejos
alegra-me embora eu fique ensonado
estou a olhar para o horizonte
do mar e para o escrito à mão
sem questionar sobre qual será
o mais real ou o passado
compreendo muitas das suas diferenças
e aceito uma profusão de outras
e ainda outras intangíveis
mas que podem ou não existir
nem que seja num fundo de esperança
ou num profundo suspiro abandonado
gostaria que pudesses cheirar o poema
não tem nem tenho mais do que o afecto
e as mesmas palavras
demorada e lentamente
num princípio da recordação
atrás das árvores da saudade
ou envoltos numa onda de mar abismado
não me apetece litigar
não refuto
não quero corrigir qualquer amor
mesmo ao chegar com um fim anunciado
quero simplesmente ser
depois disso só isso eu fui
um ser humano que mictou e obrou
e que voo tão livremente
quanto a imaginação lho permitiu
e por vezes em vida e apaixonado…
[livro aberto]
...vida que flui livre, num poema, com suavidade e beleza !
ResponderEliminar