quarta-feira, 17 de junho de 2015

estado


[aveiro | portugal]   




avança mais um capítulo, 
de rascunho em rascunho, 
acrescentando ou saltando páginas, 
num amontoar de enganos. 

levantar nunca depois das sete horas. 
eventualmente, cortar a barba; 
tomar um duche, rápido, sem falta. 
conduzir sem enganos e sem recordações; 
retomar o trabalho e esquecer o dia, 
sem tempo para sombras ou fantasmas, 
que se amalgamam no possível nevoeiro 
ou neblina e, seguramente, na noite, 
que surge para que, mais tarde ou mais cedo, 
eu possa regressar a casa, onde, 
continuam os ofícios e as horas ardem. 

um poema ajustado já não tem lugar 
para estes ossos, morre sem ter nascido 
onde, por fim, já não cabe a poesia, 
e em dias sempre iguais… 



 [livro aberto]


  

2 comentários:

  1. Nem a rotina apaga a poesia do coração do poeta.
    Aveiro, sempre linda!

    Beijos, Henrique. :).

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  2. cabe ao poeta mudar os dias
    ele já por si é um desassossegado.
    beijinho
    :)

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