sexta-feira, 10 de julho de 2015

algures na ilha


aveiro | portugal



fiquei por esta ilha 
quando perdi a propulsão de uma ilusão 
no tempo de um espaço 

julgava nada saber sobre os súbitos milagres 
supondo que a pele deixara de ver 
sob o jugo dos pensos rápidos 
que abafavam ineficazmente as ondas sonoras 
das feridas vivas no fulcro da solidão 

conhecedor de que vivemos de engano em engano 
tinha descoberto que também sentia medo 
que este se envolvia no meu corpo 
e que por vezes me provocava calafrios 
sem a plausível fundamentação 
no mais puro anonimato 
e que terminavam na aterradora certeza do isolamento 
nos recantos mais inóspitos do meu corpo 

pelas leis da natureza numa certa natureza 
a ilha é o que mais importa agora e sempre 
e esta tem variavelmente uma melodia que me serena 
como um corpo a sussurrar a outro corpo 
e assim como as noites diluem as sombras 

eu não suporia voltar àquele conjunto de palavras 
e de silêncios que me transformavam num segredo 
mas ainda estava a estender-te a mão



[a ilha]




2 comentários:

  1. quando contamos os pensos rápidos que o corpo já suportou, muitas vezes descobrimos que foram eles que nos fortaleceram, e existe sempre mais um espaço para carregar mais alguns, pois proteger a pele das lesões também é deixar de viver, bjs

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  2. a mão que se estende
    e só recebe silêncio
    a ilha que se torna ainda mais no silêncio
    imposto
    ou por vezes procurado.

    bom fim de semana.

    beijo

    :)

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