segunda-feira, 26 de junho de 2017

Reminiscência



Não sei onde estás. 
Como que te senti de alguma forma, com qualquer coisa; 
com a clarividência de uma noite de insónia e a extravagância 
da aragem. Num gesto, num gosto, num cheiro, doces.
Chegas-me como um novo conceito de realidade, 
num reflexo conhecido, e tocas-me para reaparecer 
nas sombras da memória, que de mim se alimenta; 
que em mim se demora; que não consegue abrir os olhos 
à chegada da luz; que não quer reconstituir a história quando 
esta se torna inevitável, mais nítida: uma imagem recuperável. 

É sabido que, em certas horas, tudo se confunde e amalgama 
em coisas banais, como coisas banais, para preencher os espaços 
vazios entre as palavras, assim como entre as linhas, da vida 
que nos esqueceu e que quase só murmuramos para dentro, 
por dentro, no milímetro quadrado da precária intimidade. 


 [sobrevoo]



7 comentários:

  1. Os teus poemas... é que nos proporcionam sempre, e de uma forma muito bonita, conceitos alternativos de realidade... este... será mais um... pois claro!...
    No meu próximo post, vou destacar mais umas palavrinhas tuas... se não te importares...
    Se acaso a tradução não estiver do teu agrado... é só dizeres-me, que alterarei, assim que possível!
    Beijinhos! Continuação de uma boa semana!
    Ana

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  2. Os pensamentos, as memorias quantas vezes sâo os fantasmas que nos causam insonias, bjs

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  3. É bem peculiar ao poeta noites insones, e com elas miragens. Um bonito e profundo sentir.

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  4. Não conhecia a sua poesia, mas vim aqui graças à Ana Freire.
    E gostei muito do que li. Parabéns pelo talento poético/literário que as suas palavras revelam.
    Henrique, um bom fim de semana.
    Abraço.

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  5. Boa tarde,
    Vim através do Blogue de Ana Freire e gostei muito da sua poesia.
    Voltarei!
    Canto_Meu
    Bjs
    Ailime

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  6. Muito lindo, Henrique! É um daqueles poemas que me deixam muda, não por não gostar, mas porque preenche. É esse preencher de espaços entre as palavras e as linhas da vida.
    ...E que venham mais poemas! :)
    Bjks

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