... a senhora estava encostada à parede, com todos os
sonhos feridos, doentes; com algumas nódoas negras marcadas no rosto e na alma.
Mas não queria ajuda. Queria chorar e sentir a chuva, como se esta, chuva, a
acariciasse. Foi assim que eu, em estado plasmático, a encontrei, já em estado líquido.
Eu não fumo e não posso dar um cigarro, que não tenho. Eu
tinha, e tenho, apenas, como que um ombro de compreensão, um suporte sociável,
e não procurava, nem procuro, nada. Apenas posso emprestar esse ombro e tentar encaminhar
algumas criaturas para um rumo onde possam, um dia, encontrar o Sol, num
caminho que queiram trilhar. Não faço, nem transporto, milagres. Pinto e retoco
ideias, emoções, afectos, sonhos e palavras. Sou um estado tão simples, de
matéria, tão insuficiente e fluido...
Henrique,
ResponderEliminarEncantada pela leitura das suas palavras.
Um laço saudoso e, de admiração de mim para si.
Ana
Podes pensar que és só isso, mas só isso é tanto, é o que o ser humano precisa e quase nunca recebe,, ao ler o teu escrito, lembrei-me de algo parecido que vi no Porto á uns anos, uma jovem sentada no chão que não quis ajuda, mas os olhos dela vão para sempre ficar gravados em mim,, o desespero e ao mesmo tempo a sensação de já não existir, pode não fazer sentido, mas foi algo forte demais que não esqueço
ResponderEliminarbeijinhos
e já é tanto (tanto) tanto....
ResponderEliminar:)
Quem tem "ombro de compreensão," e se sente " um suporte sociável" jamais será "um estado tão simples, de matéria, tão insuficiente e fluido".
ResponderEliminarEscreve muito bem Henrique. É sempre um prazer vir ao seu sítio.
Abraço