segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Todo um dia


Todo um dia
ou
Um dia intacto
  


Conheces o ar de um dia inteiro,
Que circula livremente, como não somos;
Que, sem nos apagar, nos extingue
E agrega, naturais e difusos,
Em sinais e sentidos resolutos;
Que acompanha o brilho de um amanhã
Na luz opaca e ocupada da alvorada.
Esse ar entrou pelas minhas janelas abertas
E com ele, através delas,
Entrou como ar da manhã, que não se pode adiar;
Como ar da tarde, que me demora;
Como ar da noite, que me embala um desejo.
Mas não o vejo.
O Universo adia-nos, continuamente,
Nas suas próprias janelas,
No seio do seu vácuo, onde sou.
E sorrio, conheces o meu sorriso;
Conheces o ar de um dia inteiro…
  
  
  

4 comentários:

  1. Exato... o universo adia-nos continuamente... ate que nada mais nos resta... alem de desistir...

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  2. Por mais difícil que esteja a situação, por mais que a VIDA viva a adiar-me eu sigo em frente... e olha que eu não conheço o ar de um dia inteiro e pelas janelas vivo a espreitar sempre novas paisagens!!!

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  3. Maravilhoso poema...deliciosa metáfora em que se auto define e compara , poesia pura o 10,11,12 e ultimo verso que lei-o e releio encantada, parabéns Henrique este é também um dos meus preferidos.

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