terça-feira, 20 de setembro de 2011

Miríades



Miríades

O novo espelho da imagem imita a dobra
Que reluz, do passado, a eterna demência
Do primogénito agravado, elevado à potência,
De um título mais importante do que a obra;
De um rótulo mais eficaz do que o contido;
De um cabeçalho que diz mais do que o texto.
Sentimentos de um exemplar deflectido
Na assunção de um fundamento sem pretexto.

Formas líquidas e cristalinas de um amor ineficaz.
Primeiro pé-de-cantiga reminiscente, de lugar-comum,
Tão sério, tão intenso, mas tão brincalhão e tão fugaz.
Fragmentos de bem-querer sem fundamento,
Sobranceiro à chama, embebido pelo rocio
Num clarão arrebatado de um festivo cio.
Do nada surgiu a vontade vazia e o pressentimento.
Por muito pouco, a alma, espessa, já existia
Na estranheza das fragas de uma sindicância.
O todo, o quase e o nada são uma heresia
Perante a indivisível incompatibilidade e ânsia.

Nariz, 17 de Junho de 2010.

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