Miríades
O novo espelho da
imagem imita a dobra
Que reluz, do passado,
a eterna demência
Do primogénito
agravado, elevado à potência,
De um título mais
importante do que a obra;
De um rótulo mais
eficaz do que o contido;
De um cabeçalho que
diz mais do que o texto.
Sentimentos de um
exemplar deflectido
Na assunção de um
fundamento sem pretexto.
Formas líquidas e
cristalinas de um amor ineficaz.
Primeiro pé-de-cantiga
reminiscente, de lugar-comum,
Tão sério, tão
intenso, mas tão brincalhão e tão fugaz.
Fragmentos de bem-querer
sem fundamento,
Sobranceiro à chama,
embebido pelo rocio
Num clarão arrebatado
de um festivo cio.
Do nada surgiu a
vontade vazia e o pressentimento.
Por muito pouco, a
alma, espessa, já existia
Na estranheza das
fragas de uma sindicância.
O todo, o quase e o
nada são uma heresia
Perante a indivisível
incompatibilidade e ânsia.
Nariz, 17 de Junho de
2010.
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