terça-feira, 2 de abril de 2013

O sujeito do sinal




Enquanto, silenciosamente, as recordações se multiplicam,
Indiferentes aos brilhos que a chuva confere à cidade,
Assumam-se as sombras difusas de cumplicidade
De uma miríade de pequenas criaturas, que suplicam
E oscilam, entre a luz e a obscuridade.

Recebo o relento, aguardo que o céu caia,
Entendo frases com cansaço e realidade
E estendo frases com braços de saudade;
Adivinho a maré que beija a praia
E desfruto da rede imperturbável da afinidade.

Ouço o mar, com um mar dentro, que outro mar contém,
Onde se exortam sonhos que ocupam vagas,
Resistentes à rebentação sobre a linha de fragas,
E que despertam essências que advém,
Despojadas de conveniências, ardis e adagas.

No contínuo retorno da água, descubro o alento,
O balanço e o som que me embala.
É o mar, incluso, que me fala,
No seu linguajar intenso e lento.
A laguna, infusa, considera e cala.


6 comentários:

  1. Henrique,
    Belíssimo o seu poema! Possuo um elo intenso com ele (o mar).

    "Adivinho a maré que beija a praia" assemelho ás ondas rendilhadas a fio de prata quando rebeldes ou ternamente plácidas acariciam o longo e, sublime areal.

    Ana

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  2. um pouco inquieto e no entanto calmo e reflexivo.
    o mar está sempre presente na inspiração do poeta.
    gostei muito.
    beijo

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  3. as recordações entram quando menos se espera, cria instabilidade um mar revonto dentro do nosso ser
    beijinhos

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