Enquanto, silenciosamente, as recordações se multiplicam,
Indiferentes aos brilhos que a chuva confere à cidade,
Assumam-se as sombras difusas de cumplicidade
De uma miríade de pequenas criaturas, que suplicam
E oscilam, entre a luz e a obscuridade.
Recebo o relento, aguardo que o céu caia,
Entendo frases com cansaço e realidade
E estendo frases com braços de saudade;
Adivinho a maré que beija a praia
E desfruto da rede imperturbável da afinidade.
Ouço o mar, com um mar dentro, que outro mar contém,
Onde se exortam sonhos que ocupam vagas,
Resistentes à rebentação sobre a linha de fragas,
E que despertam essências que advém,
Despojadas de conveniências, ardis e adagas.
No contínuo retorno da água, descubro o alento,
O balanço e o som que me embala.
É o mar, incluso, que me fala,
No seu linguajar intenso e lento.
A laguna, infusa, considera e cala.
Henrique,
ResponderEliminarBelíssimo o seu poema! Possuo um elo intenso com ele (o mar).
"Adivinho a maré que beija a praia" assemelho ás ondas rendilhadas a fio de prata quando rebeldes ou ternamente plácidas acariciam o longo e, sublime areal.
Ana
Obrigado, Ana! É muito gentil!
Eliminarbeijinho
um pouco inquieto e no entanto calmo e reflexivo.
ResponderEliminaro mar está sempre presente na inspiração do poeta.
gostei muito.
beijo
Obrigado, Piedade!
Eliminarbeijo
as recordações entram quando menos se espera, cria instabilidade um mar revonto dentro do nosso ser
ResponderEliminarbeijinhos
Luna, obrigado!
Eliminarbeijinho