cais e canal do côjo | aveiro | portugal |
os nomes bebem a água
palavras como que inquilinas
a escreverem poetas de regresso
cada coisa começa a actuar
num tempo que deve ser o seu
como o início de uma melodia
só agora pude acordar
como se só agora pudesse
nas rodas da presença
a esferográfica já acaricia o papel
e é o papel que nos aproxima
junto a aproximação que é a saída
diante de todo o esquecimento
sou remoto e a minha memória
ainda é mais longínqua
mas acordei para voltar ao sono
que é sonhar-te de braços abertos
tão distante do movimento no arco do céu
acordar é o superlativo ensimesmado
no bocejo seguinte que se junta ao estendal
de suspiros com um espaço de abismo entre eles
a luz de boca cheia chama insistente
num grito meteorológico que transborda
numa lufada de gramáticas de anticiclones
e tu és o céu a dobrar carícias
e isto é apenas o início
num chão composto de memórias
[a ilha]
"Luz de boca cheia" é maravilhosa!
ResponderEliminarBeijos, Henrique. :)
Você me parece experimentar uma realidade muito bem conectada com os termos: "passado e futuro"...termos que em verdade não existem, só existe o agora! Wow!!! Chamei pelo esoterismo...No!!!! Passado e Futuro sempre existirão na inteligência celular de qualquer um, basta programar ou re-programar. Seus textos conduzem a discursos como esse caro amigo!
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