O ulmeiro olha, em redor, num fingimento de não ser,
de não ver, como quem olha para dentro da raiz.
No fundo, coisas de quem vai perdendo a folhagem
agastada, já dourada; coisas de quem vai sopitando.
Aveiro é, agora, a ilusão da luz
das ruas e das janelas.
A cidade enrosca-se, como se aguardasse, em si, dias
mais longos e mais quentes, ou uma ideia de calor;
como se guardasse a maré viva, ainda bem viva.
Mas, é a chuva que, a pulso, estabelece a ordem,
ensopando, cuidadosamente, o ar, a terra, os canais.
E nada disto é novo, nem a delicadeza dos olhos da casa.
[miscelânea]