terça-feira, 6 de novembro de 2018

Aniversário


Ao meu pai


A pedra pergunta «lembras-te de mim?» com se dissesse, a gosto, 
a vida, devolvendo o eco da interrogação involuntária do meu rosto; 
e a chuva cai, como é usual precipitar-se: indiferentemente. 
Acendo o teu aniversário. Dizem-me que, aqui, tudo termina 
mas, é aqui que inicia um universo de ternura que me ilumina. 
Olho, sem ver, o tiritar da chama da vela condescendente; 
não vislumbro céus ou infernos, apenas uma ou outra alegria 
e cenas dispersas, tingidas de bruma e de pó consistente 
com a exactidão que a memória tenta garantir às histórias e a fantasia. 


 [miscelânea]



2 comentários:

  1. Uma comovente homenagem, que me sensibilizou particularmente... até porque perdi o meu pai bem cedo, por motivo de doença... prolongada... como hoje se refere... para contornar a palavra...
    Beijinho
    Ana

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  2. Emociona-me bastante este poema.
    bjks

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