sábado, 3 de novembro de 2018

Circular




Os flamingos vivem no seu instante perpétuo, um 
equilíbrio irrepreensível que ampara o céu e segura 
a água onde nascem palavras que cheiram a mar. 
Digo, em sussurro, para mim, como quem acarinha, 
como quem acredita: estou bem, acontece poesia. 
Os meus nomes correm nas costas do vento que sei 
da ria vagarosa e que nasce em cada ser que a vê: 
tão fácil, tão pura, tão frágil, tão interior e palpável, 
onde Aveiro se aninha para que a possam amar. 
Mas, não desta forma selvagem, num bloco de betão, 
onde a ferida fala e a convalescença diz o último olhar: 
vou ficar bem, na espessura das sílabas de um sorriso 
de espécie vertical e permanente, da família subtil, 
um brilho que se sente e senta bem dentro e verde. 


 [miscelânea]



2 comentários:

  1. Mais um poema de excepção, que diz tanto, sobre a cidade que tanto te inspira... e que adorei descobrir, e apreciar!
    Beijinho
    Ana

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  2. Podes não te considerar um poeta, mas és (para mim, és!).
    Bjks

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