sexta-feira, 2 de novembro de 2018

Em movimento




Respiro o novembro preciso que o chão de Aveiro exala. 
Aparentemente, todos querem ver coisas, ver-me coisas; 
coisas, todos querem dizer-me coisas, que não respiram. 
Eu escrevo coisas, coisas que se transformam em coisas. 
Escrevo, no estendal, como quem estende a tarde, 
para que ele não perca, já com a sua figura imprecisa, 
com linhas titubeantes, visíveis, apenas, para manter 
a ilusão, como que um certo conforto de aparência. 
E são, agora, as cordas que conduzem as palavras 
às coisas escondidas, ou que já não se podem ver, 
e é o que não se pode ver que me define, que me definha. 


 [miscelânea]



2 comentários:

  1. Este estendal... de pura inspiração... está formidável, Henrique!...
    Sempre a surpreender!... Mais um belo momento poético... estendido ao mais alto nível!...
    Beijinho
    Ana

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  2. É um movimento lindo, de coisas que se sentem no intrincado agradável e intenso destas palavras. Gosto do poema!
    Bjks

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