Organizo a realidade
Procuro as palavras
Fecho as arcas das palavras do trabalho
E que estão sobre as restantes
Para as dispor paralelamente
Com as outras arcas
E abro-as de seguida
Uma a uma
Todas as arcas das palavras
E de tudo o que sou
Saem todos os tímidos «olá»
Seguidos dos demais vocábulos
Que se juntam e separam
Gosto do seu marulhar
De repente a divisão fica escura
O ambiente arrefece e aquece
Sinto o espaço sem tempo
O sinal certo e a incógnita
Há muito de obsessão e de loucura
No ciclo de quesitos que são a própria existência
Assim como no acto de expectativa e de fé
De quem a venera e dela toma partido
Gostava de estar à altura
É extenuante sabê-lo
Como pensamentos e emoções sem valor absoluto
E materializa-se neste paradigma
Nunca virás por mim
Olho para a figuração da escrita
Que parece aflita
Mimo um poema magro
Que caminha sem rumo
Sem querer mudar de conversa
A sensação do passar do tempo é relativa
Existe a verdade e a mentira
A medida de tempo universal
Retoma a tensão
A inconfidência é um apanágio
Eu sei que me sentes
Importa-me
E brame em mim a doçura
Que acentua a natureza de sede e urgência
Ao abandono
Fico sem conversas
Fico envolvido nas ruas
Onde
Por vezes
Os afectos caem em desalentos
E esvaecimentos
Umas vezes explicáveis
Ou reparáveis
Outras
Não
Moderar
Não consigo organizar
Para além da dualidade
Da dicotomia
Sentimento
Razão
E sem ela
Desço os graus que me conduzem à cave
Estático
Os percursos da existência e insistência
Trazem tatuados a inconstância do impulso
E do vento
Das indecisões de terceiros
Trazem a certeza da fadiga
Produzem alternativas
E saídas
São compostos por alegria
Esperança
Fé
E tudo o que demais possuo
Trago um pouco de companhia
Palavras e termos
Promessas
Reminiscências e ofertas
Sentimentos
Sentidos e afectos
Sonhos
Vontades e desejos
Energias
Não só a memória é traiçoeira como
E também
As palavras
a vida é isso, uma mistura de palavras de emoções de coisas mal resolvidas outras a caminho de se formarem, bem ou mal quem sabe,mas de vez em quando temos mesmo de descer á cave arejar umas caixas deixar as palavras saírem as que cheiram a mofo algumas até podemos deitar fora, mas é um caminho solitário que todos nós de vez em quando precisamos fazer, e se não é fácil quando voltamos a subir trazemos mais leveza
ResponderEliminarbeijinhos
E um pouco de leveza já é tanto, ou tudo, por vezes.
EliminarObrigado, Luna!
Beijinho
«Organizo a realidade[...]» «[...] As palavras»
ResponderEliminarAs palavras também nos atraiçoam.
Gosto muitíssimo do poema.
Um beijo.
Obrigado, Laura!
EliminarBeijinho
olá, 'Rike!
ResponderEliminarLivra-te do que te faz mal!
Bjks
Concelho avisado, sábio!
EliminarObrigado!
Beijinho
Não queria que fosse um município... Mas uma opinião... [Estou a gargalhar!]
Eliminar:)
EliminarTu...
(Dezembro está em branco, ainda!)
este texto é uma bomba atômica ou talvez um pulsar!
ResponderEliminaré dinâmico é quebradeira total...
Obrigado, Ricardo!
EliminarUm abraço