Liberto versos que rimam
E palavras que te estimam.
Partem de mim várias ruas que são rios
E rios que são ruas,
Palavras simples e nuas,
E nuas camadas de desvios
Que contornam os baixios.
Segredam pontes que são tuas,
Que a ria espelha o meu reflexo
E que o segreda ao mar perplexo.
Salvo versos sem rima,
De várias cores.
Partem de mim vários rios,
E ruas, sem nome.
A ria, que já não é,
Olha-me com compaixão.
Dei-lhe a minha palavra de honra,
Dei-lhe as palavras de trabalho,
As palavras de obrigação,
As palavras de devoção perdida,
As palavras de lazer,
As palavras avulsas, avulso.
Dei-lhe as palavras adormecidas.
Dei-lhe as palavras da manhã,
Da tarde,
Da noite.
Dei-lhe as palavras que se perdem,
Que perdem o sentido,
Que perdem significado.
E dei-lhe palavras de um género de amor.
Se hoje fosse eu a ria,
Que sou,
Poderia não ter mais palavras,
Mas tenho,
E dedico-as ao Sol, à Lua
E a ti, amor, e amor.
Penso que as ausências nunca são um capricho mas uma necessidade,há altura que as palavras de tão enroladas não saem, mas as tuas tem uma beleza muito especial e é difícil a privação de as ler e depois quem te segue também fica preocupada com o (menino).
ResponderEliminarA ria tem disso, ela sabe escutar,e na sua acalmia não julga não opina e deixa sereno quem a procura senti isso na semana passada e sempre que a visito.
É bom sentir as palavras, poder e saber a quem podem e devem ser dedicadas.
beijinhos.
Estiveste aqui e a ria não me disse nada...
EliminarSim, quando as palavras saem demasiadamente enroladas impõe-se uma ausência. E a ria é uma excelente confidente. Ajuda sempre a encontrar as respostas que já estão dentro de nós. É aí que elas estão, muitas vezes.
És muito gentil, Luna!
Beijinho
a Ria não fala , só escuta...
Eliminar[Sorrio, como sorriem os regatados para a realidade. É para ela, realidade, que volto, sem ironia.]
EliminarSim, e nem a ria teria que fazê-lo: falar ou contar.
agora sou eu que sorrio e em forma de brincadeira digo que é uma pena que a ria seja muda.
EliminarEh! Eh! Eh!
EliminarEu agora fico embaraçada!... Reclamo a ausência e fico em silêncio.
ResponderEliminarA verdade é que não sei bem o que dizer, Henrique. Eu sinto-me a repetir o que digo. É lindo!
Um beijo.
E eu, assim, fico sem palavras.
EliminarObrigado, Laura!
Beijinho
As palavras são o transporte, o que une(como as pontes) as pessoas. Adorei...
ResponderEliminarBeijo grande.
Por vezes são o único meio para estar, para chegar, para ser ou para ter.
EliminarObrigado!
Beijinho