cáceres | espanha |
na monumentalidade de cáceres
deixei as minhas ruínas arrumadas
como poeiras de um tempo antigo
todas as que trazia comigo
junto com a palavra criadora para
companhia da gralha-de-nuca-cinzenta
e da cegonha-branca
nesses dias deus era o poeta
a poesia sustinha os atlantes
e todas as demais pedras e calhaus
numa argamassa de bons e sentidos afectos
e continuei a adiar-me
a apascentar novos sonhos pois
tudo o que tinha era o véu do céu
a pele susteve o sol e a alma a escuridão
a carne albergava verbos transitivos
e a hemorragia do amor descia a judiaria
abraçando romanos despojados de fermento
acorriam todos os povos à ladeira do tempo
e éramos todos fiéis e chuva e panorama
capazes de voar para além de qualquer maldição
[a ilha]
bonito exercício!
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