Passavam pessoas, nuvens e horas, com razões
que lhes desconheço. Ambos se apressam
a abandonar o inventário, com a sua própria
música e matiz urgente. Sob a sintaxe do olhar,
dir-se-ia que fogem. E talvez fujam destes seis
graus tão frios, que
há cinco minutos eram
tão diferentes, tão
quentes, de tão rentes
ao pôr-do-sol e ao
peito.
Não sigo a tribo e
não há tristeza no que sinto.
Um pássaro nocturno explica-me a noite:
É noite nova de um
princípio de lua que tarda,
abraçada a saudade
do que sempre foi saudade,
e a ria está tão saturada que não conseguiria
diluir-me, ou disfarçar-me, no seu rosto.
Naquele contrário
que o mundo consente,
há passeios e
abraços que acabaram e um
apontamento para
endireitar mais tarde.
Igualo-me à
paisagem, como um seu contorno.
Os versos aparentam
ser habitáveis, parte de um
sentido de tempo que
chega de viva voz.
[massivo]
As pessoas são sempre mais tristes nas noites frias. A cada leitura encontro novas tessituras nos seus versos.
ResponderEliminarAbraço
Ruthia d'O Berço do Mundo
Serve-me tão bem, este poema!
ResponderEliminarBjks
Os versos... como lar, habitação... e habituação de tudo neles convergir, no ver de um poeta...
ResponderEliminarMais um poema excepcional! Sempre com uma criatividade surpreendente...
Gostei imenso! Beijinhos
Ana