Há um céu muito
azul, por vezes um pouco menos,
ou seja, há um céu
azul de palavras, onde cabem
as coisas que deixámos
por dizer e que nunca diremos;
onde cabem todas as
substâncias, as grandezas
concretas e o não
concreto do que dissemos e não,
por outras formas
que não as das próprias palavras
ou por elas mesmas,
as palavras, embora diferentes;
onde cabem todos os
azuis e todas as outras cores…
No fundo, onde tudo,
tudo, cabe na pele que eu sou.
Há dias em que o
céu azul de palavras se despe à chuva,
com um sangue frio,
com o sangue quente, como se fizesse
parte dessa mesma
chuva fria e quente. É, então, uma chuva
de céu azul de
palavras a romper por trás dos olhos do espelho,
que é a alma, e que
não se cansa de disseminar o azul real,
que tanto, tanto,
tentam justificar e que escolhe as ruas à sorte.
[massivo]
Este poema é um encantador 'céu azul de palavras'!
ResponderEliminarO que dizer, Henrique, quando as palavras são, assim, um encantador céu azul, que nos leva a flutuar nessa chuva de felicidade?!
ResponderEliminarGostei, e muito!
Bjks
Maravilhoso este céu... onde as palavras ganham asas... e nos fazem em pensamento voar...
ResponderEliminarMais um dos meus favoritos por aqui!... Sublime!
Beijinho
Ana