passeio pelas minhas palavras e silêncios
em silêncios e palavras que me fogem
não encontro os versos bonitinhos
com brocados ou cornucópias
ou que falem de flores puras
de arbustos imaculados
de querubins rosados
de cânticos felizes
de afecto perene
do absoluto
nada
não encontro os versos luxuriantes suspirados
que gemem baixinho por prazer com prazer
com suspiros providos de clarividência
de toque lânguido e olhares lascivos
vejo as mesmas palavras rigorosas
em versos de ar desgrenhados
sem oportunidade para florir
sem tempo para encantar
embora autênticos
desabrochados
de pé
as aparências saltam das molduras
para assistir ao propósito insólito
quando os versos em união implícita
se preparam para atravessar a rua
agrupam poemas para serem um só
sociabilizam as palavras indomadas
para serem eles o todo deste vazio