quinta-feira, 16 de maio de 2013

Preposição

  

O lugar, esconso, perdeu o entendimento,
No tédio de um alusivo porquê,
E tomou o verso hesitante,
Que eu queria incorporar no vento
E no mar, sem rotina, sem dimensão,
Com vocábulos sem bocas e sem raízes;
Sem as congeminações dos espectros das juras;
Sem as lamúrias do querer.
Provavelmente, achar-me-ão em demência,
Mas não pode o querer desejar, sem apetecer.
Há um certo quê, de um relativo não sei o quê,
E de aparente inconstância instantânea,
Conquistado por anjos que mergulham
Em sombras de sonhos de frases.
Por isso, enquanto escrevo ajustes de poema,
Deixo espaços para o que não tem palavras,
Como, mas não só, para a melodia que me cinge;
Como para os sentimentos que me erguem.



13 comentários:

  1. Que lindos, lindos, os espaços que deixas para o que não tem palavras.
    E o anjo perfeito. Adoro estes velhos anjos esconsos nas catedrais e pequenos recantos.

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    1. Também gosto, muito, desses anjos, por vezes com expressões inusitadas.
      Obrigado, Célia! És muito gentil!

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  2. "E tomou o verso hesitante,
    Que eu queria incorporar no vento
    (...)
    Deixo espaços para o que não tem palavras,
    (...)para a melodia que me cinge;
    Como para os sentimentos que me erguem."


    Gostei muito :)

    Abraço grande

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  3. "Mas não pode o querer desejar, sem apetecer.
    Há um certo quê, de um relativo não sei o quê..."

    Não há inconstância na snsibilidade, outrossim o verdadeiro dom de ver para além da vulgaridade.

    Abraço

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  4. espaços que podem ser preenchidos, por palavras, sentimentos, por essa melodia que te cinge e chega até nós
    beijinhos

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  5. Brincas com as palavras de forma excepcional... ate mesmo quando deixa espaço para o que nao tem palavras...
    Beijo...

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