Fecho-me, com o dia.
O tempo hesita num
triângulo de luz.
Não faltam os pássaros
e uma aragem de ria
na antiguidade da
cidade
(Alauario, hoje, com pouco sol),
como orla do pensamento,
que sobrevoa
o final de um agosto
frágil.
Se, em Portalegre, a sombra cresce com a serra,
numa evolução aérea,
em Aveiro, a sombra cresce para o leito da ria,
num desenvolvimento aquático,
igualmente rústico.
É assombrosa a velocidade da sombra,
assim como a velocidade da ausência,
ou como a velocidade da estupidez.
Ao longe,
talvez não demasiadamente longe,
uns agitam bombas e ensinam a guerra
a falar grosseiramente;
outros leccionam o conflito às palavras que sacodem;
outros, ainda e naturalmente, fazem tudo isto,
de uma só vez.
Eu, só quero estar só.
Trago nos olhos as palavras que não digo,
porque, por vezes,
de certa ou alguma (boa) forma,
o silêncio deixa quase tudo claro,
e falar, ou escrever, gera um ruído excessivo.
Mas nem sempre é assim. Eu sei,
ou quase sempre vejo essa margem.
Sabe-se que são
coisas,
só coisas,
apenas coisas.
Fecha os olhos e olha para um sítio diferente,
bem dentro de ti.
[sobrevoo]