Por vezes, iludo-me. Penso que já não sou exactamente
eu, precisamente o mesmo. Mas, o que mudou foi aquilo
que ficou e o que partiu, ou a suas imagens, e os reflexos
de estar sem ser e de ser sem estar. Compreendo o saldo
do amor como um sorteio da poesia num instante preciso
e, contudo, alegórico, de ventos mais ou menos pacientes.
A janela abre-se por dentro, no cérebro, e o seu tempo
não pára, como no caso do tempo das ruas, que quase
ficaram na sua época e agarradas a um nome de acaso,
por obra do mesmo, acaso, e que lhes guarda a sua
ímpar distância, quando um homem não as emaranha
numa nova vida, para castigar as memórias dos vivos.
Sempre que olho para a ria, vejo que nunca daqui saí
e reparo na minha mais natural sugestão de apresentação:
um fogo, uma terra, um ar, uma água, um metal: líquidos
e simples, que, podendo estar em qualquer local, são
de um ponto único, de lugar nenhum e de toda a parte.
É este o regresso à casa de partida e os dados são aéreos
e estão, fantasticamente, viciados.
[sobrevoo]
Os dados estão sempre viciados...
ResponderEliminarO saldo do amor é sempre negativo
A união é sempre breve e por isso nunca existiu.
»fantasticamente, viciados« amei! Poema muito lindo.
ResponderEliminarHá lugares que nunca saem de nós... mesmo quando somos nós, que saímos dos lugares...
ResponderEliminarOs dados estão viciados... pois não se pode regressar, onde já sentimos que sempre estivemos...
Mais um trabalho belíssimo, Henrique! Parabéns!
Beijinhos
Ana
O momento é sempre preponderante para as conclusões, creio que será uma das ideias subjacentes, o que vai de encontro à minha dificuldade em decidir sobre o que dizer, ou destacar. Sei definir que gosto, que me é agradável. :)
ResponderEliminarBjks