Fecho-me, com o dia.
O tempo hesita num
triângulo de luz.
Não faltam os pássaros
e uma aragem de ria
na antiguidade da
cidade
(Alauario, hoje, com pouco sol),
como orla do pensamento,
que sobrevoa
o final de um agosto
frágil.
Se, em Portalegre, a sombra cresce com a serra,
numa evolução aérea,
em Aveiro, a sombra cresce para o leito da ria,
num desenvolvimento aquático,
igualmente rústico.
É assombrosa a velocidade da sombra,
assim como a velocidade da ausência,
ou como a velocidade da estupidez.
Ao longe,
talvez não demasiadamente longe,
uns agitam bombas e ensinam a guerra
a falar grosseiramente;
outros leccionam o conflito às palavras que sacodem;
outros, ainda e naturalmente, fazem tudo isto,
de uma só vez.
Eu, só quero estar só.
Trago nos olhos as palavras que não digo,
porque, por vezes,
de certa ou alguma (boa) forma,
o silêncio deixa quase tudo claro,
e falar, ou escrever, gera um ruído excessivo.
Mas nem sempre é assim. Eu sei,
ou quase sempre vejo essa margem.
Sabe-se que são
coisas,
só coisas,
apenas coisas.
Fecha os olhos e olha para um sítio diferente,
bem dentro de ti.
[sobrevoo]
Que texto tão bonito! Adorei
ResponderEliminarVisitarei mais vezes.
Beijo
http://coisasdeumavida172.blogspot.pt/
Passei por causa do link lá no blog da amiga Ana Freire. Vi que és um poeta compositor de lindas poesias. Abraço
ResponderEliminarVenho do blogue da Ana e, pelo que já li, foi uma excelente partilha.
ResponderEliminarAdorei as suas palavras! O mundo, por vezes, é demasiado ruidoso e agitado e sabe bem procurar o silêncio e dar ouvidos apenas ao nosso mundo interior.
Beijinho
Dentro de nós vemos aquilo que quisermos. Muito, pouco ou nada!
ResponderEliminarTu vês sempre muito,felizmente para quem te lê!
Uso as tuas palavras: Um "[...] triângulo de luz [...] bem dentro de ti.»
ResponderEliminarBjks
E hoje... vim olhar para um sítio diferente... e por isso... vim aqui... :-) apreciar mais um dos teus sensacionais poemas!
ResponderEliminarMais um trabalho brilhante, como sempre!
Beijinho
Ana