Vem, regato, regar-me
o regaço molhado,
Mas por mim não pares
de correr.
Procuro, no teu leito
estreito e sujo, a restituição do nada;
A forma de alcançar o
meu propósito cansado;
O formato da deriva e
a dimensão da rotina de viver;
A matriz do
bem-querer, que se perde na enxurrada.
O amor de Maio que
troveja num choco duradouro
E escorre nos
resquícios de antigas astúcias e vícios,
Imprime as suas razões
na tua corrente viva e viçosa,
Regato domado e
sujeito às desditas da evolução sem agouro;
Desprende-se da
herança e ganha novos contornos e auspícios,
Adaptados aos ajustes
de uma razão rude, rápida e preguiçosa.
A casualidade de um
mero acaso, único e recto,
Para a qual não tenho
chave e não vejo fechadura,
No riso espontâneo que
sobe pelas trepadeiras do carvalho,
(A velha e não
silenciada prova de várias gerações de afecto)
Dá graças aos raios de
luz que a sustenta e por eles perdura,
Enraizada em crenças
que crescem frescas por cada orvalho.
Eu tenho vontade de
mandar alguma coisa para outro lado,
Neste lugar abandonado
e onde não há pontes por perto.
Mas sei que tudo
volta. Há sempre um caminho de retorno
E, entre o troco
perdido, para cada futuro há um passado.
Talvez deva regressar
e ser gente, naturalmente e de certo,
Alheio, padronizado,
sereno; nem frio, nem quente, nem morno.
Cabeça! Nela
transporto os meus tesouros, mundos e conquistas;
Ornatos de fantasia,
produção de alegria e truques de magia;
Vida, alma, energia,
doçura, esperança, coragem, conceito e norma.
Por vezes, também, um
boné de pala, mas nunca penachos ou cristas,
Entre tantas outras
coisas a expor ou a calar, em concreto ou em alegoria.
Vai, regato, segue o
teu caminho e eu sigo o sonho da forma.
Outro!!! Tal qual o que disse em baixo. Não há um poema teu que desgoste ou goste menos. Todos mexem cá dentro. Por vezes releio tal a vontade de interiorizar novamente o sentimento que tento apurar, o ensinamento, ou a crítica, e mesmo assim somos todos diferentes podendo eu interiorizá-lo diferentemente mas belo. Sempre belo. E o que é belo guarda-se. Na cabeça e sobretudo no coração deixando-o entrar pelos olhos dentro e aninhar-se lá. Beijinhos. É uma benção para mim ler-te. Em dias triste e mais sós e confusos és um farol. Uma luz forte e incentivadora. Obrigado. Boa semana. E desculpa comentar tudo de caminho mas posso não conseguir vir aqui tão depressa. Abraço
ResponderEliminarEu é que me sinto honrado ao ler-te.
ResponderEliminarObrigado!
Bem-haja!
As pontes.
ResponderEliminarSomos nós que as criamos e cabe-nos a nós mantê-las.
Tomando iniciativas, cuidando, preservando, fazê-las existir.
Por vezes não queremos dar o braço a torcer, por vezes não sabemos fazê-lo, por vezes é tudo maior que nós.
A vida é maior que nós.
Por isso a vida não cabe em mim;
ResponderEliminarPor isso a vida me ultrapassa
E me mostra o seu lado ruim!
Por isso corro e riu
Não quero ficar sentado
A assistir ao seu desenrolar mofado
E tropeço e caiu, mas sorrio,
Até para o seu lado sombrio e ferido;
Mesmo quando choro
A perda de um ente querido;
Mesmo pelo amor onde não moro.
Gosto desta simplicidade de respostas... Gosto do sorrir, como forma de vencer, de ultrapassar.
ResponderEliminarUm abraço (sem campanha!)
Sem campanha, seja, num abraço que retribuo.
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