quarta-feira, 2 de agosto de 2017

Como nas conversas



Na fronteira da área de uma meteorológica conversa,
poderia dizer-te: cá se vai andando, um poema de cada
vez. E esqueceríamos o júbilo das latitudes onde a poesia não
se diz, nem a depressão do seu mais pálido e estranho reflexo
se vê. Mas deixemos o enfadonho rumor e delírio dos pressupostos.

Vamos além das fotografias. Ou entremos nelas,
na imobilidade fulgurante das suas imagens,
sem, contudo, trazermos, ou perturbarmos, a sua
inércia esparsa, vestida de técnica estética.

O verão chegou ao canto das minhas costas
e, voluptuosamente lento, não encontrou saída;
circundou-me; encarou-me; fixou-se num punhado
de sentidos e desenhou formas de transfigurar
os sentimentos dos meus mais fundos nervos.

Acendo-te a minha luz, uma evidência, para que entres
por baixo da minha pele. É possível afugentar a morte.


 [sobrevoo]



1 comentário:

  1. E que venham muitos mais poemas e que nos falem bem dentro, que nos permitam entrar em nós mesmos. Lindo, Henrique!
    Bjks

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