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aveiro | portugal |
vamos participar da queda que é precipitarmo-nos
nas falésias do amor, de onde se pode regressar.
entretanto, vamos traduzir os silêncios,
trocar silêncios, pintar silêncios; desfazer,
destrinçar, reparar silêncios, naquelas
arcanas formas de comunicar, que não
incluem palavras; enquanto eles antecipam,
prognosticam, disputam e falam de política.
vamos chover, enquanto eles falam de futebol,
e juntamo-nos ao tempo, que é de chuva.
arqueamos as linhas do espaço e do tempo
para nos descobrirmos juntos, nas tortas
linhas da poesia, que podemos estender.
vamos. eles que fiquem oblíquos nessa espera,
convictos de que a dor lhes concede a salvação.